Pastoral da Semana

"Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na tribulação"

Pastoral 21/04/2024

Pastoral da Semana
por Rev. Juarez Marcondes Filho

BONDADE NA DOR

"O Senhor é bom, é fortaleza no dia da angústia e conhece os que nele se refugiam"(Naum 1.7).
Falar do que é bom, da bondade, das coisas boas, sempre sugere algo alvissareiro, alegre, feliz. O curioso é que temos maior percepção da bondade quando o contexto é reverso. Em condições ideais de temperatura e pressão nem nos damos conta do valor da bondade, mas quando os céus ficam
nublados e a tempestade se abate sobre a vida tomamos em consideração a importância dela.
Naum e Jonas profetizaram em períodos diferentes, mas ambos tiveram por contexto de sua mensagem a superpotência Assíria, especialmente, sua grande capital Nínive. Jonas, antes de Naum, anunciou o juízo iminente de Javé, mas com a opção do arrependimento que dispensaria graça sobre
os assírios. O arrependimento veio, a graça foi derramada, mas o empedernimento retornou. Agora, Naum proclama o Evangelho em tom bastante forte. Desta feita, o arrependimento não aparece, e Nínive sucumbe aos exércitos babilônios, em 612 a. C.
Os subtítulos na pequena Profecia de Naum são muitos sugestivos: capítulo 1, A Ira e a Misericórdia de Deus; capítulo 2, O Cerco e a Tomada de Nínive; capítulo 3, A Ruína Completa de Nínive.
Naum afirma que "o Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado" (1.3), e "com trevas perseguirá o Senhor os seus inimigos" (1.8). Este é o tom de sua mensagem, tendo por corolário a declaração: "Não há remédio para tua ferida; a tua chaga é incurável" (3.19).
O versículo que encabeça esta reflexão é um solitário contraponto à ênfase judiciária que o Livro impõe, tornando-se como um oásis solitário em meio a um largo deserto de aperto e aflição. No entanto, é o que nos basta saber, pois, em meio aos justos juízos divinos, ainda, assim, somos alvo de sua bondade.
Se, de um lado somos adevertidos que, mesmo sendo bom, o Senhor não poupará o culpado, de outro, mesmo condenando o pecador, o Senhor não deixa de ser bom. Sua bondade não é contingente de nossas condições, é atributo de seu ser, independente das circunstâncias.
Não necessariamente as angústias que passamos são fruto do pecado que cometemos, vivemos em meio a um mundo perdido, cujas consequências do pecado afetam a todos, crentes e incrédulos, justos e injustos, tementes e não tementes a Deus. O importante a saber é que na angústia estamos abrigados no Senhor, que é nossa fortaleza e o nosso rochedo.
Dor, angústia, aflição, todos podemos passar, em maior ou menor grau; inexiste uma imunização espiritual que nos assegure não sermos infectados por estas vicissitudes. Mas a bondade do Senhor se revela como um forte, que, por mais que seja atacado, não irá sucumbir diante do inimigo.
O salmista já vislumbrava esta realidade quando compôs o Salmo 46, que principia com esta magnífica declaração: "Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na tribulação" (v. 1). A fortaleza era vista como um lugar de abrigo para o viajante, que ficava a mercê de salteadores pelo caminho. Ao divisá-la, corria para lá, a fim de refugiar-se de eventuais assaltantes.
Vivemos em meio a muitos perigos, não só de amigos do alheio, mas até da maldade dos mais próximos; perseguições de várias naturezas nos abalam, mas sob as mãos do Senhor sentimo-nos protegidos e seguros.
Alguém ameaçado de assalto pode abrigar-se em nossa casa, sem sequer o conhecermos. Quanto ao Senhor, estamos muito mais abrigados, pois ele conhece os que nele se refugiam.
Infelizmente, não foi o que se deu com os assírios, no tempo de Naum, pois, mesmo solenemente advertidos, não se refugiaram no Senhor, permanecendo em seus pecados.