Cristianismo e Cultura

OBJETIVO

Servir com conhecimento e orientação para a integração entre a fé e a vida prática em uma sociedade pós-moderna, cientificista e pluralista.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Ajudar a atender a necessidade de integrar a fé nas diversas áreas da cultura, tanto para enriquecer a vida do cristão quanto para fortalecer a fé. 2. Preservar e disseminar o rico legado cultural da igreja cristã, especialmente em sua expressão na tradição reformada. 3. Ser um auxílio à equipe pastoral, já que a dedicação com a pregação e ensino da palavra não deixa muito espaço para o aprofundamento em questões tão diversas.

JUSTIFICATIVA

O Brasil conta hoje com mais de 50 milhões de evangélicos. Entretanto, a atmosfera cultural da nossa nação nos dá indícios de que estes números não refletem um verdadeiro comprometimento de uma parcela tão grande da população com “o Reino de Deus e a sua justiça”. Nós, presbiterianos, como herdeiros da reforma, compartilhamos a confissão de que o evangelho não apenas salva para a vida eterna, mas também promove uma verdadeira transformação na vida presente de indivíduos e na cultura de um povo. Segundo Henry Van Til, “a Reforma Protestante não apenas buscou purificar a igreja e livrá-la dos erros doutrinários, como também buscou a restauração da integralidade da vida”. 

Esta dissonância entre o alto número de evangélicos e a baixa influência do evangelho em nosso país poderia nos levar a uma atitude pessimista. Mas por confessarmos também a soberania de Deus, o seu perene controle sobre todas as coisas, entendemos que temos a oportunidade e o dever de trabalhar pelo avanço do Reino, confiando que o Senhor é quem realiza toda obra através de nós. 

É por isso que encaramos esta conjuntura como uma grande oportunidade de exercermos nossa vocação. Entendemos que foi com um grande esforço de muitos servos piedosos que o evangelho avançou em nossa nação, ao ponto de termos hoje inúmeras igrejas e denominações espalhadas por todo país, amplo acesso à Bíblia e tantos outros livros de instrução cristã, além de seminários e outras instituições beneficentes. Entendemos que o trabalho de evangelização ainda precisa continuar, e mesmo se intensificar, entre os diversos grupos ainda não alcançados. Mas entendemos também que esta grande multidão de evangélicos carece de ensino para poder desenvolver a sua fé com maturidade, para poder expressar o senhorio de Cristo sobre todas as áreas da vida, e para assim exercer uma influência positiva sobre as diversas áreas da cultura.

Para atender a esta necessidade, encontramos amplos recursos na rica tradição da teologia calvinista. Segundo Robert Knudsen quatro principais pontos da tradição calvinista o impulsionaram como uma força cultural que exerceu enorme influência sobre o mundo ocidental: 

  1. No Calvinismo não há dicotomia entre Cristianismo e Cultura; 
  2. Por causa de sua maneira penetrante de entender a doutrina da criação, a universalidade da revelação divina e o lugar da lei, é impossível ao Calvinismo — e observe-se a importância de manter-se intacta a doutrina bíblica da relação Criador-criatura — pensar em termos de uma simples e incondicional distinção entre as esferas de atividade divina e humana; 
  3. Toda a vida, inclusive a cultura, é teonômica, isso é, tem sentido somente quando está sujeita a Deus e à sua lei; 
  4. O poder do Deus-criador-soberano abrange também o curso da História, de modo que se pode discernir a revelação de Deus também naquilo que pertence mais imediatamente à cultura ou, seja, à atividade formadora do homem.

Robinson Cavalcanti descreve os aspectos positivos da influência  da reforma protestante sobre as diversas áreas da cultura: 

A arte e a ciência eram vistas pelos protestantes como vocações divinas. Assim emergiu, entre eles, um sistema de interpretação da realidade que não apenas desconhecia a dicotomia entre racionalidade e fé, mas que também propunha uma compreensão renovada da razão e da natureza. A valorização do trabalho manual conduziu os estudiosos protestantes das bibliotecas às oficinas mecânicas, às tinturarias e às lavouras e aos jardins, integrando mente e mãos. Os campeões do novo método científico, baseado na experiência empírica e na doutrina da criação, foram, novamente, os calvinistas.

ESTRATÉGIA E CAMPOS DE ATUAÇÃO

Abraham Kuyper, no seu livro Calvinismo, elenca quatro áreas principais da cultura: Religião, Política, Ciência e Arte. Parece-nos que estes são os pontos nevrálgicos da cultura contemporânea, e, portanto, são grandes oportunidades para mostrar como o evangelho do Reino de Deus pode transformar e redimir a nossa cultura. 

Então, a estratégia utilizada por este ministério para alcançar o seu objetivo será a difusão do trabalho que vários cristãos têm desenvolvido nestas diferentes áreas. Em outras palavras, é nossa intenção aproximar a comunidade dos trabalhos dos teólogos, filósofos, cientistas e demais pensadores cristãos que estão trabalhando nestas áreas. Para isso encontramos grande ajuda na tradição reformada, especialmente na teologia abrangente de Abraham Kuyper e em seus desenvolvimentos filosóficos, principalmente por Herman Dooyeweerd, e seus reflexos em pensadores mais recentes como Francis Schaeffer. Além disso, nos inspiramos e nos instruímos a partir de instituições que atualmente atuam no Brasil na difusão destes conhecimentos, como a Associação Kuyper para Estudos Transdisciplinares (AKET), o L'Abri Fellowship Brasil e a Associação Brasileira de Cristãos na Ciência (ABC2).

MÉTODOS E SERVIÇOS 1. Eventos: palestras e seminários com convidados 2. Escola dominical: atualmente o MCC tem mantido a classe da EBD chamada “Desafios do cristão na Universidade” e pretende também realizar outros cursos de curta duração (classes modulares). 3. Apoio a demais ministérios. 4. Informação: Canal para receber perguntas e indicar fontes de informação (livros, artigos, vídeos, e sites). 5. Aconselhamento.

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1 Van Til, Henry. O conceito calvinista de cultura. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2010, p. 20. 2 Cavalcanti, Robinson. A teologia da missão da igreja no Brasil. In: Padilla, C. R; Couto, P. Igreja: agente de transformação. Curitiba: Missão Aliança, 2011

3 Knudsen, R. D. O calvinismo como força uma cultural. In: Reid, W. S. (Org). Calvino e sua influência no mundo ocidental. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1990, p. 12.

4 Cavalcanti, Robinson. Prefácio. In: Carvalho, Guilherme V. R. (Org). Cosmovisão cristã e transformação. Viçosa: Ultimato, 2006, p. 33. 5 Kuyper, Abraham. Calvinismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.