A Construção do Templo

As primeiras obras de construção, iniciadas em 1893, foram uma casa de depósito no material existente.

No ano seguinte, conseguiu-se um empréstimo do Board de Missões Estrangeiras da I.P dos EE.UU. da A.N., pelo prazo de cinco anos, sem juros (mas sob a hipoteca dos bens da Igreja local), e iniciou-se a construção do Templo.

As obras foram iniciadas em fevereiro e, apesar do tempo calamitoso que atravessou, em virtude da revolução federalista e suas conseqüências, continuou-se, quase sem interrupção, embora com pouco pessoal.

Com pequeno número de trabalhadores, sendo adquirido material necessário (os vidros das janelas vieram do Rio de Janeiro), prosseguiram as obras de edificação. O primeiro nome que encabeçava as folhas de pagamento era o do Sr. Francisco Vidal da Rocha, que recebia a "féria" diária de 5$000. Outros nomes de destaque na vida da comunidade também prestaram seus serviços profissionais na construção: os irmãos Barddal (Alberto, Júlio e Ernesto), Frederico Primo Reginato e Simplício Marques Cardoso.

Na fachada do Templo, no vértice superior, uma Bíblia aberta, de mármore branco, com a inscrição: "A Palavra de Deus"; na parede dos fundos, o letreiro, bem visível até hoje, com esta data: "A.D. 1895".

Em janeiro de 1896, a assembléia Geral da Igreja reúne-se "na casa do culto, rua Comendador Araújo", pagando-se apenas meio mês de aluguel do "salão de cultos" (na rua Aquidaban), e fazendo-se o último registro de pagamento de diária dos trabalhadores ligados à construção do Templo.

Biblia

Merece destaque particular a valiosa colaboração financeira do tesoureiro Sr. Carlos Augusto Cornelsen "por sua bondade em adiantar o dinheiro necessário para levar avante a obra do templo até o ponto de podermos ocupá-lo para os cultos".

Na Revista das Missões Nacionais, outubro de 1912, ‚ publicada a fotografia do Templo local, com a referência especial:

"Este edifício‚ o mais bonito dos nossos Templos. Foi construído pelas livres ofertas do povo - ofertas tão liberais que o pastor teve de dizer a diversas famílias que contribuíam para a Igreja o que precisavam em casa. O chefe dos generosos foi o falecido Carlos A. Cornelsen. Mas, além deste nobre crente e obreiro, toda a irmandade recebeu a bênção dos que dão com alegria (2 Cor. 9:7).

A Congregação, porém, era pequena e emprestou 6:000$000 para completar a construção, menos a linda torre que ainda espera um rasgo de fé para o seu remate. O empréstimo foi prontamente pago. A soma total do auxílio prestado pelas igrejas irmãs foi muito pouco.

A todas as congregações, pois, que precisam de casas de oração a mensagem evangélica deste retrato é esta: quem confia em Deus e trabalha com afinco pode conseguir elevar um belo templo.

O letrado no meio da janela é:

"Vinde, adoremos ao Senhor nosso Deus, porque a sua misericórdia é para sempre."

Supervisionou a construção do Templo, até meados de 1895, o Rev. Thomas J. Porter, tendo o arquiteto Neumann acompanhado a execução da obra, recebendo em pagamentos parcelados, nos anos de 1894 e 1895.

O Rev. B.L. Bickerstaph, no dia 19 de janeiro de 1896, realizou o batismo de menores, inclusive o de Jessie, filha do Rev. Landes, e de Elvira, filha de Dinarte de O. Bastos. Foram os primeiros batismos realizados no Templo.

A Igreja adquirira o terreno para o Templo da rua Comendador Araújo a 20 de dezembro de 1890, pela quantia de dois contos de réis (2:000$000), sendo a escritura lavrada no 2º Tabelião, de José Carvalho de Oliveira, Livro 61, fls. 8, e observação feita em 15 de outubro 1904, nº 1.877. O Rev. Porter escreveu:

"Precisamos muito e muito de uma casa de oração em Curitiba. Devido à influência da Escola Americana, do serviço de canto dirigido por Miss Dascomb, e dos bons sermões dos pastores, o número dos adoradores tem aumentado, tanto assim que não cabem mais nas salas que alugamos na rua Aquidaban."

Em janeiro de 1890, o Rev. George A. Landes regressa ao Brasil trazendo em sua companhia um novo missionário. O Rev. Thomas Jackson Porter, ex-missionário na Pérsia, e que virá prestar relevantes serviços à Igreja local, principalmente na construção do seu templo. Eis um registro da chegada dos dois a Curitiba:

"Subiram a serra de Paranaguá que os encantou com seu ‘caleidoscópio’. Landes reinicia seus artigos sobre superstições romanistas; admira-se de os paranaenses crerem pelas aparentes ruínas de Campo Largo tenham passado José e Maria, em sua fuga para o Egito, ou que um tal monge de Tibagi seja aceito como taumaturgo, um autêntico desequilibrado que atrai romeiros até o Estado de São Paulo." (História da I.P.B., J.A.F., pág. 229)

Por resolução da Missão, vieram para Curitiba, no final do ano, com a finalidade de iniciar um colégio, as missionárias Miss Elmira Kuhl e Miss Mary P. Dascomb, notáveis educadoras, com passagem marcante pelas cidades do Rio de Janeiro, Brotas, Botucatu e São Paulo (na Escola Americana, iniciada pela esposa do Rev. Chamberlain, constituindo-se no germe do futuro Instituto Mackenzie). Foram as pioneiras educadoras presbiterianas em Curitiba, fundadoras da Escola Americana local, projetando o seu nome e influência neste Estado, na formação moral e intelectual e notáveis líderes da cultura e política paranaense.

A participação de Miss Dascomb e Miss Kuhl na Igreja Presbiteriana de Curitiba constituiu um dos marcos principais da consolidação e expansão da comunidade presbiteriana, principalmente pelo padrão de vida cristã que testemunharam as gerações que tiveram o privilégio de conviver com estas queridas irmãs.

No dia 7 de setembro de 1890, com dezesseis anos de idade, fez a sua profissão de fé, sendo batizado na ocasião, Ernesto Luiz de Oliveira, nascido na Lapa, PR, que se projetou, mais tarde, no cenário presbiteriano por sua inteligência e capacidade de trabalho; além de professor, pastor (ordenado em 21/7/1901), foi secretário da Agricultura do Estado do Paraná.